28 de setembro de 2005

tocar o mar, voando, libertando


voar rasteiro abrindo caminho pelo vento
levantando poeira, tocando a beira mar
saborear a espuma das ondas
num mergulho intenso
focando os grãos saltitando de búzio em concha
esquecer o fim, o mal, o pesadelo
o que mais dizer, congelado pelo medo
imobilizado pelo receio de me fazer ouvir
quando a regra é o silêncio
só no fundo encontro o bom, o quente
o santo!
conseguirá alguém perceber?

22 de setembro de 2005

you trust me, and i trust you


ouvi um dia
que por cada união quebrada
um anjo perdia um sorriso!

diz-me meu Guardião,
quantas vezes, por mim, já choraste?

sou a razão de olhares o chão?
sorri de novo
vou fazer-te sorrir
vai acabar o teu terror
confia-me a tua felicidade!

21 de setembro de 2005

fuckMYluck


a festa vivia além horas
todos sem forças pensam em partir
no desespero de encontrar algum descanso
ainda em folia surge um grito
uma voz suspira de medo
e todos se vêem destinados ao mesmo fim
cruzados com o infortúnio de um patife
formataram as vidas arrepiados pela inundante maré de sangue
a única lágrima que antes caiu fez o céu parecer intangível
a esperança era agora um tesouro não assinalado
onde as únicas cruzes que os esperavam
eram o suporte a uma identidade falecida

[dedico este post a alguém que outrora viveu esta história]
[um beijinho para ti, onde quer que estejas...]

20 de setembro de 2005

Sarah


hora ímpar, dia brilhante
descias as escadas apressada
toda produzida, toda perfumada
teus cabelos esvoaçavam como caules sensíveis ao sopro
confuso pelos tons, tentei colorir-te ao meu jeito
firmei tudo e todos e sorri
limpei o feio que te rodeava enfim,
ficaste companheira do sol
gritei alto e pedi que fosses minha um dia
teus labios rosaram
tua face esbranquiçada corou
como se de um beijo se tratasse
penteei os nossos sonhos em conjunto
fiz coincidir as nossas verdades
ajustei passados e presentes
para que o futuro fosse um
estava contigo, estava feliz
pintei a nossa tela
e mesmo num segundo que fosse
foste minha e eu fui teu
o momento foi único e gravado na alma
se mais não te vir
morrerei então
pois saberei que não te poderei amar

16 de setembro de 2005

Promessas de amor...

Cheguei ao fim do mundo...
e três vezes bati...

Truz
Truz
Truz

- Quem, o soberano deste reino, se atreve a incomodar!?

Aí gritei bem alto, para todos ouvirem:
- A minha amada, está nos teus braços?

E num tom de surpresa sussurraram:
- Agarrei-a e não a deixo ir de maneira nenhuma! Como a descobriste?

Ganhei coragem e retorqui:
- Prometi-lhe, que por ela e pelo seu amor, até aqui eu viria...

do not surrender

a angústia afecta-nos de forma tão vigorosa
que sentimos um enfastiamento invulgar
sentimo-nos gastos como as solas de um trolha
aborrecidos que ficamos, somos obrigados a baixar os olhos
as pálpebras engordam 10 kilos e
as vértebras dão-se
o caminhar fica esfalfado, fica demorado
a pele enruga-se, a testa encarquilha-se
os braços balanceiam como pêndulos e as pernas tremem com a mesma frequência
as pessoas crescem à nossa volta
ficamos como um circo de feras
pra onde todos olham como indiferentes a tudo
receando apenas o perigo eminente que lança-mos
com toda a relutância de um monstro infernal

15 de setembro de 2005

shining tears

lágrima lágrima
por onde andas tu
umas vezes única, outras consorte às tuas
convives comigo desde que me lembro de quem sou
corres por razões que só tu conheces
os pretextos que usas pra salgares os lábios são vastos
estás nos momentos de aflição
momentos de alívio
momentos de loucura
de felicidade e de ternura
são imensos os teus aclamadores
feridas que só tu curas
momentos que só tu lembras
tocar-te com as mãos ternas e suspirar de conforto
ou secar-te como se de ti tivesse medo
medo que provoque uma inundação que me afunde
libertas do interior a fúria
o prazer de penetrar
a sensação de verter sangue
da maneira mais pura e natural possível e inimaginável
és a chave de muitos enigmas que só tu podes minorar
espero que nunca seques
e que fluas com toda a abundância nos marcos da minha vida

14 de setembro de 2005

predominante revolta

por que me enfrentas
sabes bem do que sou capaz
e nem te preocupas
ousas enfrentar-me?

imagina que sou um monte de pedra maciça
nunca me rasgarás num vale
nunca nenhum rio humano se cruzará no meu caminho
ousas enfrentar-me?

não podes duvidar da minha autonomia
não penses que dás cartas na minha vida
incomoda-te não seres assim
ousas enfrentar-me?

sou invejado por isso
mantém-te rasteiro e não terás problemas
faz-te presente acima de mim e cairás
ousas enfrentar-me?

não te faças grande à minha entidade
aviso-te uma, não penses que duas
limita-te ao teu mundo, ao ter ser, à tua vidinha
ousas enfrentar-me?

a barreira que a ti te imponho
é muito forte e obesa
duvida ao sentir que a transpões
ousas enfrentar-me?

quando pensares que podes tomar o rumo da minha vida
lembra quem nela prevalece, quem nela prepondera
e foge a sete pés pois te queimarei com todo o fogo que expelirei
e ainda assim
ousas enfrentar-me?

9 de setembro de 2005

espero por ti até ao infinito


a pele está fria e no entanto o suor escorre
calafrios que nem sei porque me dão
não devia ter tomado tão poucos
se calhar não chega , não é forte o suficiente

não me posso arrepender
não me vou arrepender
o arrependimento não pode ser vítima da minha covardia de espirito
agora faz-me graça as vezes que disse "se o arrependimento matasse"
sem sequer pensar no sentido da expressão

os braços e as pernas estão a ficar mórbidas de tão frouxas, de tão dormentes
será que fecharei os olhos e não sentirei nada
confio ao meu destino a minha sorte
se sofrer que seja um capitulo que finde num àpice

confuso com tanta luz excêntrica, elegante, singular e maníaca
tanto brilho nunca antes percebido pela visão
nunca antes tanto som foi anormal ao ouvido
que lugar é este que não me lembra nada nem ninguém
um lugar em que não há frio nem quente
não há fome nem sede
nem vontade nem necessidade
não há bem não há mal
não mais me quero afastar deste lugar
distante ou não, me parece finito
em que só eu domino, sonho, choro, sinto, prazo e ejaculo
aqui sou rei e não quero deixar de o ser
este poder só meu, sobre todos!? sobre nenhuns!!
mas só meu, ninguém mo tira
só te permito a ti entrar
nem mais uma alma
por mais digna e merecedora que seja

se foi este o limite da vida que tanta gente receia
que ultrapassei com os olhos fechados
não vejo razão para tanto tabu
para tanto silêncio e terror
não foi como imaginei
não vi luz branca ao fundo do túnel
senti apenas um festival visual nunca antes visto
nem mesmo pelos mais corajosos sonhadores no profundo do seu interior
algo que nem tapando com as mãos mais negras se poderia evitar
tão forte como mil gladiadores empunhando uma única espada
e tão delicado e singelo como uma dama atirando um beijo a uma multidão gracejadora
repouso ao saborear tão desejado fim
e olho às lembranças que me cairam na algibeira
são tudo o que me resta do outro lado
não as perderei, mas não mais as desejarei
só por ti me arrependi
e só por ti esperarei