9 de setembro de 2005

espero por ti até ao infinito


a pele está fria e no entanto o suor escorre
calafrios que nem sei porque me dão
não devia ter tomado tão poucos
se calhar não chega , não é forte o suficiente

não me posso arrepender
não me vou arrepender
o arrependimento não pode ser vítima da minha covardia de espirito
agora faz-me graça as vezes que disse "se o arrependimento matasse"
sem sequer pensar no sentido da expressão

os braços e as pernas estão a ficar mórbidas de tão frouxas, de tão dormentes
será que fecharei os olhos e não sentirei nada
confio ao meu destino a minha sorte
se sofrer que seja um capitulo que finde num àpice

confuso com tanta luz excêntrica, elegante, singular e maníaca
tanto brilho nunca antes percebido pela visão
nunca antes tanto som foi anormal ao ouvido
que lugar é este que não me lembra nada nem ninguém
um lugar em que não há frio nem quente
não há fome nem sede
nem vontade nem necessidade
não há bem não há mal
não mais me quero afastar deste lugar
distante ou não, me parece finito
em que só eu domino, sonho, choro, sinto, prazo e ejaculo
aqui sou rei e não quero deixar de o ser
este poder só meu, sobre todos!? sobre nenhuns!!
mas só meu, ninguém mo tira
só te permito a ti entrar
nem mais uma alma
por mais digna e merecedora que seja

se foi este o limite da vida que tanta gente receia
que ultrapassei com os olhos fechados
não vejo razão para tanto tabu
para tanto silêncio e terror
não foi como imaginei
não vi luz branca ao fundo do túnel
senti apenas um festival visual nunca antes visto
nem mesmo pelos mais corajosos sonhadores no profundo do seu interior
algo que nem tapando com as mãos mais negras se poderia evitar
tão forte como mil gladiadores empunhando uma única espada
e tão delicado e singelo como uma dama atirando um beijo a uma multidão gracejadora
repouso ao saborear tão desejado fim
e olho às lembranças que me cairam na algibeira
são tudo o que me resta do outro lado
não as perderei, mas não mais as desejarei
só por ti me arrependi
e só por ti esperarei