7 de novembro de 2006

silêncio das conversas I

são sete e meia, bem cedo, bem fresco
já o sono foi presenteado com um acordar mal disposto
um último bocejo para saudar a luz que me ilumina a face estremunhada
acabam os sonhos, as fantasias, a imaginação deixa o segredo
a altura de viver chega até mim
porta de casa batida com um beijo de saudade
jornal agasalhado entre a gabardine torrada e o polo verde escuro
de um orvalho matinal que lembrava o mau humor das negras nuvens
corro com alguma pressa na esperança de não ser o último a chegar
o patrão é um insolente e tenho a garganta demasiado seca ainda
para engolir o fastio de orgulhos terceiros
a pressa tanta quase escorrego na pedra da rua
e só não provo a dureza do solo porque me apoio a tempo
num daqueles puxadores enormes de porta antiga
era a porta do café do quarteirão...