29 de julho de 2006

fragmentos [part 1]

Mais uma manhã aleatória e uma veloz visita ao cacifo que, após um corajoso café e um viciante cigarro, apressados no velho ponto de encontro matinal, originou uma estranha sensação de surpresa. Deparei-me com algo novo, surpreendente que ali nasceu sem eu saber quem produziu o parto. Por entre a habitual desarrumação, entre os livros rasurados, os cadernos sem capa, as canetas partidas e sem tampa e a papelada embrulhada em esferas ameaçadoras de possíveis projécteis de alvo facial, ali jazia e esperava pela minha “paciência”, uma doce carta de amor. O facto de estar estupefacto só aumentou o êxtase e as palpitações que sentia no mesmo instante. Senti-me nú. Senti-me observado. Estaria alguém a verificar a entrega do pequeno fragmento de confidências? Senti vergonha. Senti-me bem! Corri para o meu refúgio e li, para dentro, aquelas singelas palavras, onde eu era cortejado de uma forma tão verdadeira. A minha timidez aliada à covardia, camuflaram todos os sentimentos que por mim celebraram. Guardei o sumo para mim, afinal de contas só a mim eram dirigidos tais carinhos.