23 de abril de 2006

jardim dos pecados


a mais bela forma de caracterização humana
dorme as noites e os dias sonhando comigo
da morena, à loura, à ruiva, vasta gama
mulheres demais para tão pequeno postigo

odiado e invejado pelos másculos sustentores
velhas guardas ainda crentes de suas tradições
erróneos amantes que se recusam a seus amores
convencidos em lealdades, sem pensar em traições

tão belo ser a quem admiro total castidade
em olhos de desejo, olhares de sexismo eminente
virtudes existentes só depois da puberdade
onde o sexo é ditador e ao coração apenas mente

sou filho de tudo e todos, do bem e do mal
fruto de amantes proíbidos pelo sempre, pelo mundo
filho de serpente e de pomba angelical
puro veneno corre nas veias, bem dentro, lá no fundo

tenho sangue de sedutor, de amante excitado
pelas ruas por onde passo liberto este odor
de quem muito é apetecido, mas nunca será amado
sensação de morte ver cobiça e saber que nunca amor

vivo da sorte de as satisfazer e de as amar
e da excitação de fugir ao castigo
se apanhado algum dia, deixarei de respirar
mas sem retorno de um amor prefiro acordar falecido

nascer de amores proíbidos é nascer amaldiçoado
é uma doença sem cura a que a vida nos eleva
até ao fim dos dias amar e não ser amado
será como o anoitecer do paraíso de Adão e Eva