14 de abril de 2006

passarinho sem tom



os dias já não entram na minha casa
já nem o sol mais me renova o ar
por mais coisas que pense, que diga, que faça
nada me faz o coração sarar

fiquei doente de ti, de nós, de amor
e a solidão sem medo se aproveitou
choro o dia inteiro, vivo sem humor
sabendo que a saudade pra mim chegou, voltou

outrora foste o meu remédio, a minha salvação
não sei se talvez destinado, mas
conhecer-te foi milagre, salvé minha oração
vi de novo a vida, o céu, a luz, a paz

queria-te de novo aqui, de mim, bem perto
como dois passarinhos pendurados nas ramas
alimentares a minha alma, a sede do meu deserto
vezes sem conta dizendo então que me amas

vamos voar, ver o mundo, só os dois
sem nada mais que o sol e a paixão
havemos algures um dia de morrer, pois
mas até lá viveremos de um sangue, um só coração