19 de março de 2006

inesperadamente

sete horas da tarde e o sol a morrer
choram badaladas no alto da igreja
bem cedo chega a noite e eu sem te ver
essa imagem tão pura que um amante almeja

festa do santo popular almoço domingueiro
uma saída pela brisa para a missa contemplar
pobretão, coitado, para a esmola sem dinheiro
poupando semanas para uma rosa poder comprar

caminhando pela rua, a procissão ruma agora
entre o verde chão e o, lá em cima, azul do céu
lá dentro nas persianas uma morena menina chora
pois alguém jurou pétalas e pétalas não prometeu

rosa branca só hoje havia eu encontrado
pois cor do amor tinha em pensamento
e de coração comovido e impressionado
à menina na janela a entreguei com aprazimento

lágrimas tristes em alegria se mutaram
mas sorriso esse o entusiasmo me amansou
um dia feliz agora te proporcionaram
mas a surpresa planeada, fugiu e não voltou

caminho de novo, mas sem flor empunhada
de olhar sem sentido bombeando contrição
imagino-te corando sendo não presenteada
infeliz batendo a porta, soprando desilusão