19 de janeiro de 2009

por terras distantes

Imagem daqui.
Quanta coragem terá sido necessária para te levarem de mim?
Que sem vergonha, ser desprezível, feito justiceiro, decidiu que o teu lugar era longe?
Porque tens de partir, minha boneca de claras madeixas?
Foges da minha esfera de protecção e nada posso fazer.
Amarraria uma corda em torno da tua cintura.
Degolaria nossos troncos, na esperança que o sangue jorrado nos unisse numa única crosta.
Cortaria tuas pernas, se isso significasse morte à tua fuga incitada.
Frágil ser sem sexo. Formosa entidade que me enterneces.
Doce espírito que me acolhe nessa bolha tão terna quanto tuas asas proporcionam.
Anjo na terra.
Serás outras terras e mares, outros rios e pontes, pessoas e animais, dialectos e sentimentos desconhecidos. Serás nova. Transformar-te-ás.
Morrerá a menina, nascerá a mulher. Só teus olhos de tubarão serão perpétuos.
Viajarás para a terra de ninguém, para a terra onde meu coração não mora, mas para onde quer que voes, a minha alma te seguirá.