13 de fevereiro de 2007

carne tua

um último travo naquele vinho doce,
um novo olhar no teu rosto
sob a pouca luz dispersa, na sala negra de
pirilampos estáticos que nos cantam paixão
por entre os aromas de incenso,
que ateiam o coração.
és o significado do desejo, és o diabo
que me atormenta a casa, a cabeça, a cama.
tomo a tua mão, arranco-te para a chuva,
agarro-te a nuca e sinto a tua língua
quente, suave como o tinto já degustado.
sobe o êxtase, aumenta o volume dessa fera
que mora em mim...
vou-te despindo, sentindo a tua pele,
arrepiada pelas gotas frias.
sentes as minhas costas rasgadas
dessas unhas cortantes, que me excitam.
deito-te na relva e possuo-te, sem pudor.
pouco tempo depois, estamos sujos de terra,
estamos sujos de loucura,
estamos doentes pelo sexo,
é o amor, é o teu interior violado
pela explosão de prazer expelido pelo meu ser,
sou eu semeando em ti, somos nós, humanos
ao nível mais imundo e animalesco
que podemos imaginar.
somos a terra, a chuva, somos o sangue,
somos o sémen, somos nós, criaturas.
somos amor.