29 de dezembro de 2006

retorcido

nasci com um dom
um dom terrível, tremendo
uma complexa rede que me prende
que não me permite fugir, nunca
tenho comigo o poder de parar o tempo
de o congelar para todo o sempre
aqueles momentos de harmonia presente,
de alegria constante, de furor natural,
em que tudo é perfeito e mal algum atormenta
aqueles momentos escassos como água fresca no deserto
nunca são suficientes, nunca me satisfazem
como ser humano repleto de ambição,
desejo guardar para o infinito o,
momento colossal da minha vida, mas,
a minha maldição é contínuar a manobrar,
a máquina do tempo até um dia,
em que me hei-de perder na demais tardia
altura em que o instante guardado será o último,
será o do dia mais triste, o dia da despedida.