29 de março de 2006

friends can "die"



acabou, já não há memórias por aqui
os amigos deixaram de lembrar a alegria
perderam o respeito, por mim e por ti
não faremos de novo o que d'antes se fazia

cantámos e dançámos juntos de abraço dado
noites inacabadas pela ternura dos sentimentos
bailes de confiança com a garra de um belo fado
curavam até cicatrizes ressequidas de ferimentos

desde cedo se construíram muralhas inquebrantáveis
tão altas que dificilmente se olhava o interior
por vezes, afortunados, por ventos mais favoráveis
vislumbravam, novas caras, relações cheias de cor

lá no cimo, lá bem alto se consegue o dentro espreitar
as razões que levam a esquecer a amizade que se sustém
percebe-se que só mal, ou pior, pode ficar
quando todos se entendem e quando tudo está tão bem

se o cume está eminente com ornatos ostentosos
e a vida segue um rumo, um caminho sempre em frente
o conselho que dou, não vendo, aos sempre descuidosos
é escutem-no por dentro, ele sente, jamais vos mente

é preciso ter cuidado com a maldita da confiança
a audácia dos capazes é saudável pro destino
se nestas alturas, não é valente a perseverança
somos seguidos numa marcha, onde toca somente o sino