27 de janeiro de 2006

à procura da terra do nunca...

existem dias em todas as vidas em que se torna
mais simples organizar o destino
alcancei a meta de um deles
percebi que trago demasiada tristeza dentro de mim
demais infelicidade para uma criatura só
e matutei até amanhecer numa saída
é imperativo mergulhar estes sentimentos em águas profundas
e afogá-los sem medo de uma qualquer vingança
decidi perguntar a todos que conheço se viram algumas lágrimas minhas
e fui reunindo todas na palma da mão
encontrei lágrimas escondidas nos lugares mais recônditos
onde menos esperava encontrar vida, lá existia uma saudade
e vi marcada nas faces enrugadas de alguns
a característica infeliz que procuro
corri e corri e apanhei as que consegui
reuni-as num saco e empunhei-o nas costas
tenho de confessar que ainda era pesado
viajei até onde não soubesse o caminho para casa
abri um buraco de passo a passo
e em cada um fui plantando uma gota
na esperança de que esta ao entardecer de um dia de sol
se transformasse numa flor,
numa natureza viva,
numa vida, talvez
depois de me despedir derramando uma última vez,
virei costas sem mais pensar
e de imediato senti carência de sorrir
e fiz-me o gostinho
decidi correr de novo até que uma imagem me roubasse
a força das pernas, a respiração e o bater do coração
mas só me roubou as duas primeiras
porque ele bateu mais que nunca
perante a mais bela imagem que podia palpar
a tua...