por mais que chore não consigo aliviar um pouco o arrependimento
por um segundo que seja
estavas lá quando eu não estava e nunca me cobraste
frizavas as sobrancelhas mostrando sensatez quando tinha problemas
mesmo que servisse somente para dividirmos o fardo
e nunca me senti na obrigação de retribuir
e agora sinto!
sinto porque te abandonei
levei-te a um lugar que, além de mim, mais ninguem conhece o caminho de volta
e lá, te deixei!
consumi-te e usei-te vezes sem conta e
hoje não me lembro de metade das feridas que te deixei
como ser humano que sou, consigo aperceber-me da minha propria culpa
e pelo menos, por isso, mereço viver em angústia constante
mas viver desta forma,
é nascer sem sentidos
é tocar e não sentir
é morrer e não deixar voar a alma
preciso de sentir que não me vais odiar para sempre
preciso que tal como a chuva sejas livre de rancor,
de dor, de sofrimento, de repulsa, de aversão,
de mim!
perdoa-me!