22 de outubro de 2005

inexorável afecto

a lua sorri-nos da noite
piscando o olho por entre as persianas
e vejo tua sombra numa frenética oscilação
no esbranquiçado das paredes voyeuristas
toco tuas ancas e aperto
agarro com força como sei que gostas
de forma a sentires segurança nas minhas mãos ásperas
que formam uma delícia contrastada de doce e amargo
com a tua pele
sinto teu pescoço, com meus lábios
até teu cabelo me abalroar
digo algumas palavras que te fazem sorrir
e beijas-me intensamente na escuridão de
uma noite de amor incansável
tão quentes ficamos em noite tão fria
tão branca
e dois pingos de suor te cavalgam as costas
findando, nas nádegas, um arrepio
encontram, agora, pernas felpudas
e arrefecem nas sedas frias
zonas mortas de paixão
nesse momento curvada,
concentras todas as forças no interior
todos os sentidos, todas as vontades
os desejos, os sabores
e comtemplas-me o orgulho de
te ver suspirar, quase roucamente
de prazer...
iluminando o interior do teu corpo
irradiando tom de ouro por toda a tua aura
levando gosto amargo
a tão doce boca que sabe agora
que findou o mais cruel dos orgasmos
pois foi o último que te proporcionei